Ter uma arara de estimação, especialmente uma da família dos papagaios grandes, como a aracanga, pode transformar a sua relação com os animais. A aracanga, conhecida cientificamente como Anodorhynchus hyacinthinus e em inglês chamada de Hyacinth Macaw, destaca-se pela beleza e inteligência, tornando-se uma companhia fascinante. Na prática nacional, cresce o interesse por estas aves, mas é fundamental compreender as suas necessidades específicas antes de decidir pela adoção. Este artigo aborda as principais questões informativas e práticas, esclarecendo dúvidas comuns e orientando para uma convivência saudável e responsável.
A interação com araras, como a arara-macau (Ara macao), a arara-piranga (Ara chloropterus), o macau (Ara ararauna) e a arara-vermelha-pequena (Diopsittaca nobilis), é bastante diferente da que se tem com outras aves de estimação. Estas espécies, para além do porte e da plumagem vibrante, destacam-se pela capacidade de criar fortes laços com os seus tutores e pela longevidade, que pode ultrapassar os 50 anos em cativeiro. Por isso, a decisão de ter uma arara deve ser ponderada com base em informação sólida, pois implica compromisso a longo prazo e cuidados específicos.
Para qualquer tutor que deseje manter uma arara em casa, é imprescindível cumprir um conjunto de boas práticas que assegurem o bem-estar da ave. Em Portugal, observa-se que muitos casos de problemas de saúde e comportamento surgem devido à falta de conhecimento sobre as necessidades destes animais.
As araras precisam de espaços amplos para voar e exercitar as asas. Idealmente, deve providenciar uma área segura, com dimensões mínimas de 3 metros de comprimento por 2 metros de largura, e uma altura que permita o voo vertical. O local deve ser protegido de correntes de ar, temperaturas extremas (idealmente entre 18°C a 28°C) e exposição direta ao sol durante longos períodos.
A dieta é um dos pilares do cuidado com araras. Na natureza, estas aves alimentam-se de frutos, sementes, nozes e, ocasionalmente, flores e insetos. Em cativeiro, deve oferecer uma dieta variada e equilibrada, que inclua:
Os tutores devem estar atentos a sinais de doença, como alterações no apetite, comportamento letárgico, penas eriçadas ou secreções nasais. Em Portugal, existem clínicas veterinárias com especialistas em aves exóticas que podem ajudar no diagnóstico e tratamento. Aconselha-se uma consulta anual para avaliação geral e vacinação, garantindo a saúde da arara. Consulte sempre um veterinário antes de iniciar qualquer suplemento ou medicação.
Para mais informações sobre cuidados veterinários, consulte o site da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV).
Estabelecer uma rotina é crucial para o bem-estar mental e físico da arara. Na prática nacional, tutores bem-sucedidos relatam que uma rotina consistente ajuda a reduzir comportamentos agressivos e ansiedade.
As araras precisam de pelo menos 2 horas diárias de voo livre ou exercícios para manter a saúde muscular e mental. Em Portugal, a maioria dos tutores utiliza espaços interiores adaptados ou áreas exteriores protegidas para este fim.
Estas aves são naturalmente vocais e podem emitir sons altos. É importante habituá-las desde cedo a horários de vocalização e utilizar técnicas de reforço positivo para controlar o volume, evitando conflitos com vizinhos.
Conhecer as diferenças entre as espécies mais comuns, como a aracanga, a arara-macau, a arara-piranga, o macau e a arara-vermelha-pequena, ajuda a escolher a ave que melhor se adapta ao seu estilo de vida e espaço disponível.
A aracanga, por exemplo, é a maior entre as araras, com cerca de 100 cm de comprimento, e um bico poderoso, sendo também mais exigente em termos de espaço e alimentação. Já a arara-macau é um pouco menor, com cerca de 85 cm, e apresenta uma plumagem exuberante vermelha, azul e amarela, sendo um pouco mais adaptável a ambientes domésticos.
O macau, conhecido por plumagem azul e amarela, é uma espécie inteligente e brincalhona, mas requer rotina rigorosa para evitar stress. A arara-piranga, com penas vermelhas e detalhes verdes e azuis, é robusta e adaptável, mas pode ser territorialista.
A arara-vermelha-pequena é uma das menores araras, com cerca de 35 cm, e pode ser uma boa opção para quem tem menos espaço, embora mantenha as necessidades de interação e ambiente enriquecido.
Para mais detalhes sobre as espécies, veja as informações da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
Na experiência de tutores e especialistas portugueses, muitos problemas com araras resultam de erros evitáveis. Reconhecer estes erros ajuda a melhorar a qualidade de vida da ave e a relação com o tutor.
Muitos tutores mantêm as araras em gaiolas pequenas, limitando o voo e provocando problemas comportamentais e de saúde. A correção passa por investir em espaços maiores e criar oportunidades diárias para o voo livre, sempre com supervisão.
Oferecer apenas sementes ou ração comercial é um erro comum que pode levar a deficiências nutricionais. A solução está numa dieta diversificada, com acompanhamento veterinário para ajustar suplementos.
Araras são aves sociais e inteligentes que precisam de interação constante e desafios mentais. Sem isso, podem desenvolver comportamentos destrutivos e vocalizações excessivas. Invista em brinquedos, treino e tempo de qualidade diariamente.
Adiar a ida ao veterinário quando a arara apresenta sintomas pode agravar problemas. A recomendação é procurar ajuda especializada assim que notar alterações no comportamento ou estado físico.
Para um guia completo de cuidados, consulte as orientações da Sociedade Portuguesa de Ornitologia.
As araras podem viver entre 40 a 60 anos em cativeiro, desde que recebam cuidados adequados, dieta equilibrada e ambiente estimulante. Isso significa que adotar uma arara é um compromisso a longo prazo, semelhante a receber um membro da família.
Sim, desde que a ave seja adquirida através de canais legais, com documentação que comprove a origem e o cumprimento da legislação vigente, nomeadamente o Decreto-Lei n.º 92/2017, que regula a posse de espécies silvestres. É ilegal adquirir ou manter araras capturadas na natureza.
Sim, algumas espécies, como a arara-piranga e a arara-macau, têm capacidade para imitar palavras e sons do ambiente, especialmente quando socializadas desde jovens. No entanto, a imitação varia muito entre indivíduos.
O custo pode variar entre 100 a 300 euros por mês, incluindo alimentação, cuidados veterinários, suplementos, brinquedos e manutenção do espaço. Espere um investimento inicial elevado, especialmente para gaiolas e aviários adequados.
Oferecer rotina consistente, interação social, exercícios diários e ambiente enriquecido ajuda a prevenir stress. Evite mudanças bruscas e ruídos excessivos, que são fatores de risco para problemas comportamentais.
Sim, araras podem conviver em pares ou grupos, desde que haja espaço suficiente e supervisão para evitar conflitos. A socialização entre aves é benéfica, mas deve ser feita com cuidado.
O ideal é adquirir uma arara jovem, com pelo menos 12 semanas de vida, após o desmame completo e com acompanhamento de um criador responsável. Isso facilita a adaptação ao ambiente doméstico.
A limpeza deve ser diária para a água e restos de comida, e semanal para o espaço geral, com produtos seguros para aves. Evite desinfetantes fortes que possam ser tóxicos.
A experiência prática mostra que a posse responsável de araras em Portugal tem aumentado, acompanhada por uma maior oferta de serviços especializados, como clínicas veterinárias e centros de treino. Contudo, subsistem riscos associados à desinformação, que podem comprometer a saúde das aves e a relação com os tutores.
É essencial que os interessados consultem fontes oficiais e participem em formações ou grupos de apoio, para trocar experiências e receber orientação adequada. A legislação portuguesa protege estas espécies e impõe regras rigorosas para a sua posse.
Disclaimer editorial: este artigo não substitui o aconselhamento veterinário ou legal. Em caso de dúvidas específicas, consulte um especialista.
Para orientações clínicas oficiais, veja o protocolo da Associação Europeia de Veterinários de Aves (AEVA).
Se após ler todas estas informações sente que está preparado para a responsabilidade, o primeiro passo é contactar criadores certificados ou instituições de proteção animal que possam garantir a origem legal e o bom estado da ave.
Prepare o espaço com antecedência, adquira a alimentação adequada e estabeleça contacto com um veterinário especializado em aves exóticas. Participe em workshops e grupos de tutores para aprender mais sobre as melhores práticas.
Lembre-se que uma arara de estimação é um companheiro para várias décadas, que exige dedicação, tempo e recursos. Com a preparação certa, poderá desfrutar de uma amizade única e enriquecedora.
Para recursos práticos sobre a posse responsável, consulte o Portal Animal, que reúne guias, checklists e contactos úteis.
Este artigo procurou esclarecer as principais dúvidas e orientar tutores em Portugal sobre a posse responsável de araras, destacando a aracanga e outras espécies populares. Com informação atualizada e baseada na experiência nacional, pretende contribuir para uma convivência harmoniosa e saudável entre humanos e estas aves magníficas.